Friday, January 15, 2010

A arte pulsa em mim, colegas

Como qualquer imbecil-artista envia um "realize" (eu acho, veja bem, apenas acho, que ele queria dizer release) sobre sua exposição de "artes plásticas" imagino que acabo de conquistar o direito (já que minha área foi igualmente invadida) de me auto-proclamar artista. A partir de agora eu sou uma artista. Já conversei com colegas de redação (que também encheram o saco de ter opiniões e querem ser apenas alegres e despreocupados inúteis - não se ofendam, por favor, os artistas, (quase) nada pessoal) e agora eles já sabem que sou uma artista e resolvemos formar um "coletivo" (hoje é muito pobrinho ser só um artista, coisa de pé-sujo; o negócio é ter um "coletivo" e a "arte" em questão "dialogar", "conversar" com outras "manifestações artísticas" (tipo "as representações pictóricas - para os arigós, quadros - dialogam entre si" (sic), entende?). Enfim, estamos programando a nossa primeira exposição. Eu e minha colega, por exemplo, temos vídeos de laparoscopia de trompas e útero interessantíssimos. Mereciam ser exibidos, no mínimo, na próxima Bienal do Mercosul, nada deixam dever ao restante das obras. Raios-x, ecografias, seria ótimo, o nome poderia ser algo como "O solilóquio das entranhas" ou "Cauterizações efêmeras". Sem falar nas interferências urbanas que planejamos. Esse pessoal que pinta códigos de barra no asfalto ou cola adesivos sem sentido por tudo não está com nada. Pensamos em algo que proporcione maior interatividade do público, como espalhar salmonela nos lanches dos centros culturais ou despejar algumas centenas de baratas num concerto. Claro que as ações não podem ser restritas aos principais "equipamentos culturais" do Estado, precisamos pensar na descentralização (cultura para todos!) e inclusive arrecadar dinheiro para viajar de latão até o interior do Estado mostrando a nossa arte.

Thursday, January 14, 2010

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Saturday, March 03, 2007

Março

A melhor coisa de março é acordar cedo (nos meus padrões) pra assistir ao imperdível "Garota dragão", onde hordas de Nathiellens, Katielles, Suellens, Ethiennes e Camilles de Capão da Porteira, Arroio dos ratos, Não-me-toque e Santo Antônio da Patrulha se amontoam com suas caras de pobre e pernas roxas de frio sobre uma passarela de fórmica montada em uma praia lotada de farofeiros babões e velhas carcomidas que aguardam, ansiosos, pelo prêmio de melhor torcida (que certamente causará grandes, grandes dissabores na hora de definir qual parte cabe a quem, e daí se pode constatar a selvageria inata ao ser humano) e ver aquelas gracinhas suburbanas falando sobre o seu livro favorito, que esse ano será certamente "O código da Vinci" e a determinação da vencedora em seguir 'carreira de modelo', o que significa, num primeiro momento, talvez uma ponta em um editorial de moda em um jornal local, e, num segundo, um ensaio na Sexy, para aquelas que tiverem sorte, peito e bunda suficiente, mesmo que algum tempo depois reapareçam em algum programa obscuro em um mais obscuro ainda canal de TV por assinatura reivindicando o reconhecimento de suas incontestáveis capacidades intelectuais pouco (e injustamente) reconhecidas pela mídia e a sociedade machista. "Workshop de imersão no submundo da falta de perspectiva", como diria Espectro. Mulheres são mesmo seres muito estranhos.

Friday, January 26, 2007

Verdades

Já perdi um computador por causa de flores virtuais. Hoje uma colega comentou, com brilho nos olhos coitada, que havia recedido um cartão virtual "muito meigo", mas que não conseguia achar em lugar algum o endereço da delicadíssima pessoa que o havia enviado. Tive que lembrá-la, com pesar, de algumas verdades fundamentais. Homens não mandam mais flores, e isso inclui as virtuais, que são de graça. O romantismo acabou. E alegria de pobre é vírus.

Saturday, January 20, 2007

Seres de poucas luzes

Eu simplesmente não sei onde as pessoas estão querendo chegar com essa estupidez de subtítulos, coisa mais insuportável. Não sei o que é pior, se é em livro, filme ou peça. Mas cada vez mais tenho certeza de que cada vez menos vou ler ou assistir a qualquer porcaria pretensiosa que proponha subtítulos, e nem me interessa se são bons ou não. Meu HD já está suficientemente ocupado pra acumular mais lixo. Tipo um ciclo de cinema que tem "Soy Cuba - O mamute siberiano" e "O sol - Caminhando contra o vento". (Não, caro amiguinho novo, teu filme não entra nessa lista porque possibilita um saudável decepamento que de forma alguma influi negativamente no conjunto da obra). O tal "Soy Cuba..." não pode simplesmente se chamar "Soy Cuba" porque é baseado em um documentário resgatado na década de 90 e que se chamava..."Soy Cuba". Então lá vem o tal "Mamute siberiano", que, em suma, não diz absolutamente nada, vai ver o diretor é que é um mamute e o filme é autobiográfico. Já "O Sol - Caminhano contra o vento" poderia se chamar apenas "O sol" ou somente "Caminhando contra o vento", mas agora parece que é muito engraçadinho colocar travessões nos títulos. E esses só só dois entre milhares de exemplos que não me ocorrem agora porque tenho coisa melhor pra pensar e porque me irritam profundamente também. É tudo muito paradoxal, essa prolixidade cansativa ao mesmo tempo que outros "setores" que ditam "tendências" (ui, chorei...piscinas) pregam o minimalismo. Pior ainda são os sacanas que intercalam os títulos com "ou", sugerindo que o infeliz - ou idiota -, do leitor - ou espectador, tem a liberdade de escolher entre o que lhe parece mais conveniente. Uma farsa ultrajante. Tipo "O Namorador ou a Noite de São João", "Crônica Marciana ou A Explicação da Guerra", só pra citar os que achei em busca rápida no google, porque os releases de peças teatrais (e quanto mais chinelo o grupo mais delirante o ego) já não tenho mais, mas juro que um dia farei um apanhado e publicarei sob o título "Sobre como um zé-ruela, além de medíocre, pode ser ridículo" ou A apoteótica perda de noção dos que eu costumo classificar como seres de poucas luzes". Talvez num acesso de extrema crueldade eu ainda opte pelo e/ou. Em resumo, tudo isso é um saco e eu nem deveria ter saído da cama hoje.

Monday, December 18, 2006

Vergonha

Não sei o que é mais constrangedor.
Pessoas que chegam por trás das outras, em plena rua, e dizem "Bú!", ou pessoas que não se assustam com o "Bú!" das outras, numa evidente falta de consideração para com o próximo. Eu sinto vergonha alheia.

Ostra

Não é que isso aqui ficou bonitinho mesmo? Parecendo um flyer de rave. Bem, vamos ao que interessa.
Minha amiga Carrie, a estranha, pediu que eu escrevesse algo aqui antes que ela se transforme em aranha (foi picada e as mutações já começaram) e não possa mais ler. Aguardo ansiosamente esse momento.
Tenho descoberto uma série de coisas nos últimos tempos, em que a simbiose a que me submeto tem me mantido um tanto ocupada, fechada na ostra.
Fiquei muito feliz quando soube, enfim, que aquelas meninas detestáveis que eu descrevia em pormenores meses atrás (cabelos pretos, pele branca, quebradiças, braços tatuados, colares de dados e sapatos de boneca) na verdade se chamam emos. Isso me tranqüilizou profundamente; tudo que pode ser reduzido, sintetizado assim me encanta demais. Posso ter sido a última criatura do mundo informada a respeito do nome dessa tribo infeliz, mas, antes tarde do que nunca. Elas estão em todo o lugar, têm variáveis no gênero masculino, invadem as festas (que não vou mais) e se acham muito, muito modernas, mas na verdade, não o são. São apenas feias.
Outra coisa é que não quero mais ser fotografada. Eu diria mais, estou francamente empenhada em me tornar invisível, quero ter a graça de entrar em um lugar e não conhecer ninguém, não ser atendida em lojas, não receber mais convites e nem fazer novos amigos, até porque os que tenho já me dão trabalho suficiente. Tenho achado ótimo, inclusive, atender o telefone de casa e dizer "não, ela não está".
Minha turma agora são só os que fazem fotossíntese.
Também desisto de tentar entender filmes ou peças que não entenderei jamais (tampouco a razão pela qual foram feitos). Eu nunca, nunca mais vou assistir a qualquer coisa que me seja indicada, ou que mais de uma pessoa diga que é bom. Se mais de um diz que é bom é porque aí reside uma conspiração, e ela só pode ser contra mim. Foi exatamente assim com coisas como "Tangos e tragédias", "O senhor dos anéis" e outras cafonalhas. Lixo. Tenho que aprender a seguir minha intuição. Nessas horas é que eu digo, com fiéis seguidores..."In lex we trust". E graças ao pessoal do Cinema Fantástico tenho "Conspiradores do prazer" e "Canibal holocausto" pra me deliciar enquanto outros desperdiçam minutos preciosos com coisas deprimentes como "Cassino Royale" e "Volver". Isso sem mencionar meu retorno aos roteiros, com um espetacular filme sobre indivíduos que se tranformam em zumbis depois de passarem por rituais vodus que incluem lobotomia e easpiração de gases tóxicos.
Acho que qualquer pessoa precisa de um ideal, uma crença com a qual se identifique e a qual se dedique caso o namoro não dê certo, perca as pernas ou sucumba às drogas, coisa assim. Estou pensando em algo bom para mim, alguma seita, desde que bastante exótica, e, caso eu não ache algo suficientemente exótico, terei de criar eu mesma.
Ah. Mais uma coisa é que, antes de cantar vitória antes do tempo, não cante a derrota. O negócio da banda que eu havia dado por encerrado virou e, estranhamente, resolveram incluir nosso melô do Motoboy em uma coletânea de gravadora. Tem gosto pra tudo.

Friday, October 27, 2006

Boeiros

A Feira do Livro nem bem começou e já penso em visitar a Praça da Alfândega com uma serra elétrica. Nem em um milhão de anos esqueceria a edição passada, quando o céu desabou de uma forma indescritível e voltei de lá no último dia, fazendo as matérias de encerramento, segurando as sandálias pela mão, cabelos e roupas encharcadas, calças arregaçadas e água até os joelhos. Água podre, claro, com todo o poder destrutivo que poderiam lhe conferir os boeiros do Centro. Suquinho de camundongo, licor de barata, seiva de banheiro público e algumas coisinhas mais naquele ensandecido córrego cor de cocô. O quadro da dor com a moldura do despespero. Entre as opções, seguir com a sandálias de salto nos pés e quebrá-los (os pés) pouco depois, provavelmente com fratura exposta, ou caminhar de pé descalço até o jornal me arriscando a cortá-los em um caco de vidro e contrair um estafilococo mutante que se alojaria no meu cérebro e se alimentaria do restante da massa cinzenta, se é que há. O que me pareceu mais interessante. De qualquer forma parece que a coisa pode ser um pouco mais divertida esse ano, já que até o cônsul do Japão, que é o país homenageado, está se encarregando de entrar no espírito da coisa. Apareceu na abertura da feira vestido de samurai. Ainda não revelou se até o final do evento estará arremessando estrelas-ninja nos visitantes, empoleirado num ipê-roxo, ou cometerá um haraquiri em frente à estátua do Mario Quintana. Talvez suma em meio a uma nuvem de fumaça, depois da sessão de autógrafos do Carpinejar ou do Luiz Coronel (aqui a probabilidade é grande). Começo a respeitar o cara.